17 de setembro de 2008

"O Vencedor está só" de Paulo Coelho

Procuro sempre reviver as emoções do "Alquimista", do "Diário de um mago", de "Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei", do "Monte Cinco", mas é dificil para o Paulo fazer melhor do que já fez, porque atingiu o topo, e repetir-se seria deprimente. Continua a vender muito, mas a magia esvaneceu-se. Mesmo assim merecerá sempre da minha parte o benefício da dúvida. Por isso, já que li os outros todos, este terá o mesmo destino.

"O Vencedor Está Só" é, segundo Paulo Coelho, uma fotografia do mundo em que vivemos. A acção, em ritmo acelerado, passa-se em 24 horas, durante o Festival de Cinema de Cannes. Mas não é a indústria cinematográfica que está em jogo para Igor Dalev, o empresário russo que chega à cidade francesa com a obsessão de recuperar Ewa, o grande amor da sua vida. Para chamar a atenção da ex-mulher, Igor transforma-se num assassino em série. Em torno desta mente doentia estão produtores, actores consagrados, candidatas a actriz, top models e estilistas, num retrato impiedoso da Superclasse, a elite, da elite que define o rumo da vida dos nossos dias. Transmitindo ao leitor pormenores de como vivem e se comportam as personagens baseadas na vida real, Paulo Coelho faz do seu romance não só um testemunho da crise de valores de um universo centrado nas aparências mas, acima de tudo, um thriller que se lê de um só fôlego -
(retirado de http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=185010 Grupo Porto Editora).
"Um Deles".
P.S: Posso emprestar livros do Autor para quem quiser conhecer sem gastar o precioso pilim.

9 comentários:

teresa g. disse...

Conheces um livrinho chamado 'Viagem ao país da manhã' de Herman Hesse? Lembrei-me dele porque o li mais ou menos ao mesmo tempo que li 'O alquimista', e talvez pela comparação de um certo paralelismo entre os dois livros, o Paulo Coelho nunca teve grande brilho. Normalmente quem gosta de Paulo Coelho também gosta do Hesse. Para mim o Hesse é muito mais complexo e profundo e por isso sugiro-o a quem se 'cansa' do Paulo Coelho.

Anónimo disse...

De Paulo Coelho só li umas linhas aleatórias de um ou dois livros, a ver se me agradava. Não agradou e , portanto, passo. :)
Herman Hesse gosto, mas também só li o Siddhartha. Mas aqui já estamos a falar de um Nobel.

"Um Deles","O Outro" e "Um Só" disse...

Tudo bem...vou aceitar a sugestão...sendo Nobel deve estar na Biblioteca Municipal....depois digo alguma coisa...Um aparte: Paulo Coelho não é (nem pretende ser que eu saiba) um Gabriel Garcia Márquez, um Saramago, um Victor Hugo,etc...mas conquistou, por um motivo ou por outro, muita gente que não tinha por hábito ler a língua portuguesa/brasileira, e assim sendo, o seu mérito é grande e indesmentível.
Noutros tempos, esse papel cabia ao jornal " A Bola".
Penso que a qualidade melhorou, não?

teresa g. disse...

Bem, isso é discutível... quando se superficializa aquilo que não deve ser visto de ânimo leve.
Paulo Coelho cometeu o mesmo 'pecado' de todos os gurus 'new age', usou a fome espiritual, identitária, e sei lá mais o quê, da nossa sociedade, para vender livros. Com mais ou menos honestidade em relação àquilo em que acreditam, todos eles o fazem. Mas fazem-no de uma forma demasiado simplista, porque de outra forma não vende.

E isso lembra algo que Herman Hesse referiu num dos seus livros mais complexos, o jogo das contas de vidro, há umas boas décadas. Ele chamou à nossa época, ou melhor, aquela em que ele vivia, que não era tão superficial como a nossa, a idade do folhetim.

Eu também lhe chamaria a idade do pronto a comer, ou pronto a mastigar. O problema é que isso tem reflexos graves, embora subtis, na forma como se conduz uma sociedade. E a nossa está num ponto crítico.

Hesse faz uma análise muito mais séria e profunda do que é o homem, a sua relação com a sociedade, e a espiritualidade universal como forma de ligação à sua essência.

Bem, desculpem este discurso todo, entusiasmei-me. :) Os livros de Herman Hesse estão na biblioteca, sim, eu li-os quase todos de lá. Mas se não encontrares também te posso emprestar os que tenho.

"Um Deles","O Outro" e "Um Só" disse...

Concordo plenamente contigo quanto à identificação da obra de Paulo Coelho como simplista, na sua mensagem e na estética da escrita. Mas se não fosse assim, estaríamos, se calhar, perante um livro elitista no seu sentido redutor.Certas realidades não necessitam de grandes análises (técnicas e frias)para serem apreendidas por todos. Na altura em que li pela 1ª vez Paulo Coelho (O Alquimista em 1994),alguns episódios do livro eram fotografias de parte da minha vivência. Essa identificação, mesmo que ocasional, foi o ponto de ligação, entre o meu mundo e o do autor. Daí nutrir alguma simpatia pela personagem...bem, vamos ficar por aqui, o isto deixa de ser um comentário. :-)

teresa g. disse...

Ok, mas deixa-me só dar mais uma indispensável achega :)
Quando leres Herman Hesse vais ver que ele é tudo menos técnico e frio (apesar de ser alemão). Concordo que o alquimista é interessante, ainda que de uma forma algo ligeira; para dizer a verdade foi o único livro dele que gostei. Mas os outros começam a ser mais do mesmo, sendo que as imitações são sempre piores que o original. (E o proprio livro já é a variação de um tema antigo). E foi mais ou menos isso que disseste no post, não foi?!

Mas a minha guerra é com a ligeireza excessiva, e isso não é ser elitista embora o possa parecer. Poder-te-ia fazer uma análise da filosofia de vida profunda da avó analfabeta, que era uma pessoa excepcional. Não é preciso ser erudito para ser profundo, para estar assente sobre aquilo que é a base sólida do valor humano, individual e colectivo. Assim como ser 'culto' no sentido que normalmente tomamos, não significa grande coisa em termos do possível impacto positivo sobre o mundo que nos rodeia, ou da sua compreensão e do benefício que isso possa trazer. E sobretudo não acrescenta nada à grandeza de alma que possa ter a pessoa, embora grandeza de alma possa ser algo muito subjectivo :)

Estou a insistir com isto porque acho mesmo que a nossa sociedade se encontra num estado perigoso de alienação, que se vai contentando com douradas pílulas mágicas que são afinal uma ilusão. É preciso, e urgente acordar, e não cultivar o facilitismo. E o Paulo Coelho apanha por medida, é claro que há outros bem piores. Se me viesses falar em Segredos e coisas afins batia-te mesmo!

Também sei que estou a ser chata, vá lá :) Mas também não há grande problema em usar as caixas de comentários como fórum de ideias, pois não?
(Embora me esteja a sujeitar que um dia destes uns certos primos me gozem, mas pronto)

teresa g. disse...

e aquilo que chamei lá em cima pronto a mastigar queria dizer pré-mastigado, claro rsrs! Assim tipo almôndega de carne :)

Leonardo disse...

Meu comentário não é em relacão a caracteristica de um autor e muito menos ao tipo da literatura e sim destaco ao desfecho desta obra. O Detetive Savoy e o Dr. Morris, de acordo com o final do livro, não descobriram o Igor! Se for isso mesmo venho demonstrar minha insatisfação. Não gostei deste final, poderia ter sido mais desenvolvido ! Abraços !

Leonardo disse...

Meu comentário não é em relacão a caracteristica de um autor e muito menos ao tipo da literatura e sim destaco ao desfecho desta obra. O Detetive Savoy e o Dr. Morris, de acordo com o final do livro, não descobriram o Igor! Se for isso mesmo venho demonstrar minha insatisfação. Não gostei deste final, poderia ter sido mais desenvolvido ! Abraços !